segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sobre o simancar

Um dia, não tem jeito. Temos que “simancá”. Simancá que perdemos a guerra, e não só a batalha, tremular a bandeira branca da rendição. Tratar de salvar os feridos, enterrar os mortos, juntar os caquinhos e partir. Sem olhar a glória do que poderia ter sido e nunca foi. Projetar o futuro sem vergonha de ter levado uma surra do destino, seja por qual foi o motivo, e ver que se pode sim conquistar novos territórios, em outras bandas.

Um dia, a gente simanca. Simanca de que o tempo nessa Terra é curto demais e que ninguém tem garantia de viver o amanhã. Ninguém pode ter certeza de que estará presente no próximo segundo – quem dirá um dia, um mês ou um ano. Simancamos de que o tempo não volta. Ele apenas voa cada vez mais depressa. E quando chegarmos na velhice, se tivermos essa chance – e acredite, são poucos que a têm –, veremos que não deixamos muita coisa para trás se não tomarmos AGORA o controle da nossa vida.

Simancamos de que existem pessoas maravilhosas ao nosso redor e de que são a pouquíssimos que damos o seu devido valor. Infelizmente, como nós, elas não estarão nessa Terra por muito tempo e cabe a nós aproveitá-las e curti-las da melhor forma possível. Nessa encarnação, de preferência.

Simancamos de que nem todos nossos sonhos de criança serão concretizados e de que muitos deles não dependem exclusivamente de nós. Simancamos de que às vezes somos forçados a tomar atitude que não vem do coração, e que isso não é problema nenhum se serviu para cumprir o ser objetivo.

Precisamos simancá de que as pessoas não são feitas em moldes perfeitos. E saber aceitar os erros alheios – quando não há costume de olhar para os nossos próprios, talvez por medo do que vamos encontrar – talvez seja o simancol mais difícil de todos. E, por fim, temos que simancá de que não somos insubstituíveis. Dói aprender que logo seremos esquecidos, mas essa é a lei da vida... o velho se vai para o aparecimento do novo. E sempre há a esperança de que o novo consiga realizar o que o velho não conseguiu.

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