terça-feira, 23 de agosto de 2011

Conto de fadas, a continuação

Um dia, ela acordou cansada. Olhou para aquele muro alto e infinito e pela primeira vez pergunto se tudo aquilo valia a pena. O príncipe estava ainda lá, detrás daquele gigantesco obstáculo que ela fez de tudo para derrubar. Já não bastasse a dificuldade em si de colocar abaixo uma barreira tão forte, ele deixava tudo mais complicado.

Por diversas vezes ela ouviu que todo aquele esforço não iria adiantar. Por algumas, ele a mandou embora. Por outras, deixava claro que ela não o merecia. Que não adiantava tentar derrubar, porque aquele muro era encantado e somente a princesa certa conseguiria o feito, o que não era o caso da princesa da nossa história.

E apesar de tudo isso, acreditava que valia a pena porque ele valia a pena. Então, um dia ela partiu para o tudo ou nada, simplesmente esperando quieta uma reação do outro lado, e veio a sua maior decepção. Descobriu que além de não ajudar a derrubar o muro, o príncipe havia colocado mais tijolos para que ela nunca o alcança-se.

Tanto esforço, foi, enfim, em vão. E voltou a ouvir do outro lado que não adiantava, que ela tinha que ir embora. E seu coração sangrou, e ela desistiu. Por incrível que pareça, e de modo mais incoerente que se pode imaginar, o príncipe ainda cobrou que ela ficasse, pois havia prometido. Mas não havia acabado de mandar embora?

Mas ela havia prometido ficar, não se corromper. Ela havia prometido tentar, não se humilhar. Ela havia prometido esperar, desde que ele não a mandasse embora. E ela decidiu que a última vez que ele fez isso foi definitivamente a última.

Ela, enfim, conseguiu se livrar da necessidade de tê-lo por perto. Com as mãos feridas, com o coração dolorido, mas pela primeira vez com a alma em paz, ela virou-se de costas e partiu. Porque era só isso o que lhe restava fazer.

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