Tantas vezes eu comecei a escrever um novo texto, tantos apaguei. Sobre esse assunto que vou escrever neste post e sobre outros que, na real, tratavam de um desabafo momentâneo e que eu vi que no final não valia a pena, apenas isso.
Tanta coisa mudou na minha vida. Perder a minha mãe foi, definitivamente, a coisa mais dolorosa que me aconteceu. Mais do que decisões que eu tenha tomado há vários anos atrás e que vejo, hoje, que eram as únicas que poderiam ter sido tomadas. Quando finalmente consegui me perdoar, minha mãe se vai. Uma culpa pela outra. Obviamente, a vida não me deixaria em paz.
Beijei muito quando ela era viva. Briguei muito também, abracei, chorei. Não a compreendia. Ela não me compreendia. Mesmo assim, deixávamos muito claro nosso sentimento uma pela outra. Era amor... talvez o amor mais verdadeiro nessa vida. Pois é. Me tirar isso foi injusto, cruel... odioso.
E, como minha mãe que era, ela me reservou mais uma pegadinha. A amava, mas era extremamente fútil. Tão fútil que me irritava. Tão fútil que eu sempre tentei fugir disso e faço questão de que as pessoas me vejam por dentro e não por roupas, olhos azuis ou beleza. Tanto que hoje eu peco exatamente por isso. Sou exageradamente relaxada.
Mas a pegadinha era que ela tinha a real noção das coisas, às vezes perversas, que fazia. Ela se conhecia, sabia que para ela tudo o que importava era a beleza física. E que, agora, não tinha mais nada e por isso era infeliz. Sabia que não passava de uma criança grande e mimada. Tinha noção que as coisas que dizia machucavam, humilhavam... mas ela não conseguia não dizer. Minha mãe me surpreendeu. Deixou a revelação para o final, o último momento, ao apagar das luzes para que tudo tivesse mais impacto.
Minha mãe... que saudade dos seus olhos. Quem vai escolher as minhas roupas agora, caralho? Quem vai me mandar maquiar e quem vai dizer que eu pareço uma mendiga? Quem vai dizer que eu sou linda e vai me pentear como uma barbie? Quem? Em qual colo eu vou deitar para ganhar cafuné?
Meu... dói. E não há previsão de quando vai parar de doer. Nem sei se quero que pare de doer. A dor me faz ficar mais perto, nem que seja em pensamento.
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